Por Dilson Ribeiro
Em minhas reflexões ao longo da vida,
há uma série de fatos que exigem uma interpretação mais cuidadosa e para os
quais nem sempre encontro uma resposta convincente. Amante das letras, depois
de publicar uma série de livros abordando os mais diversos temas, vejo-me agora
no dever de interpretar o processo de destruição de nossa literatura, comandada
por grupos estrangeiros, sob a liderança dos Estados Unidos da América. Antes
de insurgir-se contra os autores brasileiros, os americanos exportaram para o
Brasil a chamada música pop,
agredindo os nossos ouvidos com a estridência de suas guitarras, em que é
evidente a ausência de melodia e a absoluta falta de imaginação nas letras que
apenas servem para a alienação de jovens drogados. Lamentavelmente a nossa
imprensa (ressalvem-se algumas exceções) dera apoio a esse processo, seduzida
pelo dinheiro ilícito, o famoso JABÁ, tal como é conhecido entre os
jornalistas. O jabá é pago a
emissoras de rádio e televisão, com o único objetivo de não colocar em sua
programação músicas de autores brasileiros, sobretudo aquelas melodias
clássicas e populares, que embalaram tantas gerações. Destruiu-se o belo e
sobre essa destruição buscou-se construir a falta de imaginação da
mediocridade.
Agora, esses mesmos grupos investem
contra a literatura brasileira. As nossas editoras e inúmeras livrarias sabotam
a edição e a venda das obras de autores brasileiros, enquanto exibem em seus stands a subliteratura estrangeira. Os
críticos literários das principais revistas editadas no Brasil omitem o que há
de melhor em nossa literatura, onde não há dúvidas de que figuram verdadeiras
obras-primas, totalmente ignoradas pelo público leitor. Algumas livrarias
chegam ao absurdo de recusar a comercialização desses livros, mesmo quando os
recebe sem investir um centavo. São livrarias e editoras mercenárias, engajadas
em um processo que deve ser examinado pelas nossas autoridades. As empresas
privadas não têm o direito de destruir ou sabotar a literatura de um país, sob
o pretexto de que se trata de um simples ato de interesse comercial. Trata-se,
na verdade, de um crime, em que o nosso silêncio passa a ser uma omissão
criminosa. Jamais condenei a venda e a divulgação de livros de autores
estrangeiros, muitos dos quais estão inseridos em minha leitura e em minha
admiração. Mas não posso concordar em que se faça com a literatura brasileira o
que esses iconoclastas apátridas já fizeram com a nossa música. Não vamos
permitir que aumente, a cada dia que passa, a legião de brasileiros ignorantes,
seja na simplicidade de quantos não tiveram oportunidade de estudar, seja entre
os doutores, que tão somente aprendem teorias de certas especialidades,
ignorando as virtudes de uma cultura universal.
Dilson Ribeiro é jornalista, escritor e advogado,
pertencendo a várias instituições culturais, no Brasil e no Exterior. - dilsonribeirodesouza@hotmail.com
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